Quando imbuído de insegurança
Externamente travestida de orgulho
Tomado torna-se o pobrezinho
Em terra delira quixotescamente
Mãos, pernas e costas apoiadas
Salvação em escombros a boiar
Burla em si mesmo a legalidade
Fragilidade ancorada noutros mares
Capaz fosse de extrapolar a couraça
Explodindo em cores e viva nuance
Ao longe veríamos rastros de liberdade
A varrer o céu em noite nevada
Que fazer se assim é dominado
Que fazer se assim domina
Dentro dos limites da possibilidade
A cabeça tranqüila acolhe o travesseiro
E ele que pensava dominar o mundo
Com palavras, faz senão dominar
A si mesmo com engodos
Que insiste arraigar geração após geração
CREPITAR
ResponderExcluirChamas ressoam,
carrossel de labaredas,
olhares vagantes,
de vidas ao vento.
É preciso estar sempre embriagado.
ResponderExcluirIsso é tudo: é a única questão.
Para não sentir o horrível fardo do tempo que lhe quebra os ombros e o curva para o chão, é preciso embriagar-se sem perdão.
Mas de que?
De vinho, de poesia ou de virtude, como quiser.
Mas embriague-se.
E se às vezes, nos degraus de um palácio, na grama verde de um fosso, na solidão triste do seu quarto, você acorda, a embriaguez já diminuída ou desaparecida, pergunte ao vento, à onda, à estrela, ao pássaro, ao relógio, a tudo o que foge, a tudo o que geme, a tudo o que rola, a tudo o que canta, a tudo o que fala, pergunte que horas são e o vento, a onda, a estrela, o pássaro, o relógio lhe responderão:
É hora de embriagar-se!
Para não ser o escravo mártir do tempo, embriague-se;
embriague-se sem parar!
De vinho, de poesia ou de virtude, como quiser.
Charles Baudelaire