Na nau

Lá vem. E outra vez. Foi onda que fez o nível baixar subir baixar do mar. Nessa embarcação, o peso do cobre não é perigo: não existe. Os temperos humildes que recobrem nosso casco perfumam os espaços nas dispensas, nos bolsos, no vento. E tem mais gente a estibordo, que peso trazem elas? Trazem promessas, juventudes, solidões.

Içar velas, subir âncora. As fomes movem nossos braços e levam mãos frias e perfumadas para o trabalho de todo dia todo-o-dia. Acorda a ideia, recheia o fôlego. Prepara o pão para guardar, estende a roupa, divide o pouco. Enquanto isso, a brisa felina invade os cômodos, sinuosa, e nos lembra de brilharmos juntos, porque o sol está na popa. Então traz frutas.