Ela está parada na calçada, os carros passam
.....................vagarosamente........................
A saia muito curta sobre a meia arrastão negra
Apresenta pernas longas e bem delineadas
Nos pés, o salto alto alonga a silhueta esguia na noite fria
Na boca, batom carmim destaca lábios ainda jovens e sensuais
No olhar, pequenas faíscas amortecidas pelas drogas
Um carro pára, pode ser homem ou mulher
Não tem preferências, importa o quanto vai lucrar na noite
Desfila, exibindo-se de frente, depois de costas
Requebra e sorri escandalosamente para os clientes
Mostra parte do desempenho na cama
Movimentando a púbis com as mãos entre as pernas
Passando a língua pelos lábios entreabertos
A porta do carro se abre
Entra
Cai
Na escuridão da noite
Para o que der e vier
Os carrros passam, vagarosamente....
Kátia Flávia (de Fausto Fawcett)
ResponderExcluirhttp://www.youtube.com/watch?v=OA0EwjOGNoQ
http://www.youtube.com/watch?v=CIeDfModPjE
ExcluirInvocação à Noite
ExcluirÓ deusa, que proteges dos amantes
O destro furto, o crime deleitoso,
Abafa com teu manto pavoroso
Os importantes astros vigilantes:
Quero adoçar meus lábios anelantes
No seio de Ritália melindroso;
Estorva que os maus olhos do invejoso
Turbem d'amor os sôfregos instantes:
Tétis formosa, tal encanto inspire
Ao namorado Sol teu níveo rosto,
Que nunca de teus braços se retire!
Tarda ao menos o carro à Noite oposto,
Até que eu desfaleça, até que expire
Nas ternas ânsias, no inefável gosto.
Bocage
AGOSTO ou
ResponderExcluirÀ GOSTO ou
GOSTO SE DISCUTE
Hoje À noite,
descendo a Augusta,
cruzei com um homem,
vestido de mulher.
O vestido muito curto,
escorrega pra cima,
puxado para baixo.
Será ela?
Era ele?
Ou era eu?
Descer a Augusta,
entrar num labirinto,
fragmentos de espelhos.
Sou o Espírito da treva,
ExcluirA Noite me traz e leva;
Moro à beira irreal da Vida,
Sua onda indefinida
Refresca-me a alma de espuma...
Pra além do mar há a bruma...
E pra aquém? há Cousa ou Fim?
Nunca olhei para trás de mim...
Fernando Pessoa
SOLIDÃO
ExcluirEu sozinho sou mais forte
Minh'alma mais atrevida
Não fujo nunca da vida
Nem tenho medo da morte
Eu sozinho de verdade
Encontro em mim minha essência
Não faço caso de ausência
E nem me incomoda a saudade
Eu sozinho em estado bruto
Sou força que principia
Sou gerador de energia
De mim mesmo absoluto
Eu sozinho sou imenso
Não meço nunca o meu passo
Não penso nunca o que faço
E faço tudo o que penso
Eu sozinho sou a Esfinge
Pousado no meio do deserto
Que finge que sabe o que é certo
E sabe que é certo que finge
Eu sozinho sou sereno
E diante da imensidão
De toda essa solidão
O mundo fica pequeno
Eu sozinho em meu caminho
Sou eu, sou todos, sou tudo
E isso sem ter contudo
Jamais ficado sozinho
Paulo César Pinheiro
Solidão Que Nada
ExcluirCazuza
Cada aeroporto
É um nome num papel
Um novo rosto
Atrás do mesmo véu
Alguém me espera
E adivinha no céu
Que meu novo nome é
Um estranho que me quer
E eu quero tudo
No próximo hotel
Por mar, por terra
Ou via Embratel
Ela é um satélite
E só quer me amar
Mas não há promessas, não
É só um novo lugar
Viver é bom
Nas curvas da estrada
Solidão, que nada
Viver é bom
Partida e chegada
Solidão, que nada
Solidão, que nada
Alguém me espera
E adivinha no céu
Que meu novo nome é
Um estranho que me quer
E eu quero tudo
No próximo hotel
Por mar, por terra
Ou via Embratel
Ela é um satélite
E só quer me amar
Mas não há promessas, não
É só um novo lugar
Viver é bom
Nas curvas da estrada
Solidão, que nada
Viver é bom
Partida e chegada
Solidão, que nada
Solidão, que nada
Viver é bom
Nas curvas da estrada
Solidão, que nada
Viver é bom
Partida e chegada
Solidão, que nada
Rubem Fonseca. Lucia MacCartney
ResponderExcluirPlínio Marcos. Zeca Baleiro
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