Engolindo a Chuva

- Um copo de vento, por favor!

Disse um jovem ao dono do bar escuro, que prontamente lhe entregou o recipiente cheio daquela serenidade em movimento e disse:

- Bom para levar embora a água salgada que cai!

Virou o copo de uma só vez.

- Pronto. A tempestade foi embora, o chão da rua seca, e o sol está nascendo.

Continuou o senhor, dono do bar.

O jovem abriu a porta. Ao passar para o lado de fora do estabelecimento, percebeu o embuste.

O vento estava derramado no chão. Espalhando-se pela calçada, já corria pelo meio fio.

A tempestade não havia passado. Estava escondida no fundo do copo. Foi engolida como água, vento e imensidão.

Estava dentro, e todo o resto, estava fora.

2 comentários:

  1. Tempestade na garganta
    Palavras derramando ventania
    Furacão acolhido no peito
    A brisa? Cadê?

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  2. Dentro das tempestades, gritos
    revoluções, voltar, capital, Marx,votar,mercadorias,rodopiar
    eu fico então com as revoluções da brisa
    que quase como uma dança envolve
    E na brisa olho para outro,e o outro em mim
    e no olhar a tempestade grita
    e as revoluções acontecem

    Tatiana Monte
    www.tatianamonte.blogspot.com

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