vou falar proceis que o belo me enche, me enche de nhaca
porque contra o belezão nada se pode, ele te suga
de repente cê tá lá falando da pereba do cachorro sarnento abandonado e o belo te pegou
e ninguém mais lembra porque é que eu tava falando do cão moribundo
nem eu lembro, eu volto pra primeira frase e tento
tinha começado bem, mas aí vieram umas expressões tão lindas sobre a pele casca do cão
umas aliterações quase acidentais e pronto
umas metáforas e deu-se
transportou-se
foi-se o leitor e o escritor
embriagaram-se da cachaça do belo
e ficam ali atentos, pra descobrir o que pegou
não era a sarna, nem o abandono
quem sabe se as palavras, ou o enquadramento
tudo se pode enquadrar
até o mendigo fedido fica bonitão em pb
e choro ao ler
choro ao escrever
nos compadecemos da nossa capacidade de nos compadecer com a fossa
ó, vai tomar no cu belezão
senta aqui
Belezão Tradução Poética on-line.
ResponderExcluirPoeta escreve – “Já estava quase louco. Por causa da lepra, seus dedos apodreciam no chão”.
Belezão traduz -“Perdia-se em devaneios. Perdia partes de si”.
Poeta escreve – “O morador de rua escarrou uma gosma nojenta na calçada.”.
Belezão traduz - “O deambulante desprovido pôs para fora o que ninguém queria ter visto”.
Poeta escreve –“Juntaram muitas moscas sobre uma ratazana morta”.
Belezão traduz -“A cena mórbida alertava aos passantes que a vida permanece até o último instante”.
REVELAÇÃO
ResponderExcluirAquele filme queimado,
ou era leopardo,
ou era gato pardo.