Olhos de despedida. Foi o que ela viu ao olhar para ele. Para ela, saída única. Despediu-se. Despediu-se de tudo o que poderia ter sido. Por dias e dias lembrou ela do tudo não vivido. Do prazer. Da dor. Da saliva. Do suór. Era uma lembrança amarela. Forte e viva, fosforecente até. Iluminava e ardia. Ela vivia de lembrar e lembrava, até mesmo, que ele estava a lembrar dela. A lembrança começou a ser maior do que ela. Era uma boca gigante que comia suas horas. A boca começou, depois de muitas horas devoradas, a comer as suas vontades. Foi aí que ela decidiu. Jogou água no amarelo fosforecente que aquarelou. Amarelo dissolvido em tom pastel. Colocou mais cores. Uma a uma. As tintas dançavam na água. O vento pincelava as formas. Suas vontades avisaram: Encontramos. Encontramos você.
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