Ou não pensava em nada, ou era aquele som ensurdecedor. Aquele mesmo som... De novo... Novamente... Mais uma vez. Gostava mais quando não pensava em nada. Nada. Porque a única coisa que conhecia por memória era o som das bombas. Nem mesmo lembrava que o nome do som era esse. Bomba. Não lembrava porque... Ou como... Ou o que... O que fazia ali? Quem eram aquelas pessoas sorrindo ao seu redor? Abaixem-se!!! Vocês não estão ouvindo esse som de... Esse som!!! Abaixem-se! Não conseguia entender... Não entendia porque sorriam. Ou como aquele espasmo facial era possível. Uma vez ouviu um garoto jovem dizer orgulhoso algo sobre "defender minha pátria!". Gargalhou. Fez o grupo de jovens se assustar, porque ninguém nunca havia ouvido a voz daquele velho louco. Gargalhou como não lembrava já ter feito algum dia... Não sabia bem porque gargalhava. Acho que foi aquela palavra: Pátria. Aquela crença... Tão obsoleta! Aquele mundo certamente era outro, não o mesmo que frequentara em um tempo onde ainda não havia o som das bombas. Um tempo sem o som de bombas? Sim... sem o som das bombas... Opa! Uma lembrança? Seria possível que ainda tivesse a capacidade de recordar algo além... Além... Além do... Não! Velho burro! Por que essa leda esperança? Aliás, por que fingir que esperança existe? Por que agora? Já não era um jovem ingênuo. Sabia: não houve tempo de homens sem o som das bombas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Neste jogo autoral não são permitidos comentários aos textos. Este formulário de comentários deve ser utilizado exclusivamente para postar textos autorais ou de autoria de terceiros, inspirados diretamente na (ou lembrados a partir da) postagem a ser comentada. E mesmo os que não estejam cadastrados como jogadores-autores podem postar textos nos comentários. Contamos com a colaboração de todos para o bom andamento do jogo.