Da incapacidade em cagar ou louvado seja o supositório

Por Masimo Trofisi

Caros leitores pudicos, pessoas de estômago sensível, Sandy e Junior, gente com intestino-reloginho, ignorem este texto. Peço licença aos filacanteiros para dedicar estas mal traçadas linhas aquilo que vem de mais de dentro de mim. Sou Masimo Trofisi, ser humano entre seus 40-50, assumidamente medíocre, incapaz de gestos nobres, fracassado em seus relacionamentos e fascinado por aquilo que podem achar banal, grotesco e mesquinho. Ah, sim, ainda moro com mamãe, caso esse detalhe seja importante a vocês. Dada essa apresentação, eu poderia desde já compartilhar aos leitores deste blog detalhes pouco heróicos da minha vida sexual. Embora o assunto tenha lá sua pertinência e também poderia render uma boa carta de apresentação. Afinal, esperma também é algo que vem do meu mais profundo eu, não é mesmo?

Entretanto, existe algo que vem do meu-mais-profundo-eu que quero aqui relatar. Trata-se de um problema que tem tomado minha pacata vida de funcionário correto e ser sedentário. A minha coleção de fracassos ao cagar. Os chamados de emergência acontecem sempre à noite, nos melhores momentos de sonhos. E, ai, ai, não há Marilyn Monroes, virgens de Alá que consigam me manter na cama e me livrarem das dores intestinais. É evidente que para boa parte dos leitores, altamente capazes, com seus intestinos em dia, uma ida ao banheiro resolveria este problema. Não basta ficar à espera por intermináveis minutos. Não bastam os lactobacilos vivos. Não basta fazer esforços homéricos para voltar aos braços de Marilyn. Não basta em apenas uma noite depois de – pasmem – oito idas ao aconchegante depósito de fezes, só conseguir ver algumas chances de sucesso à vista na 7ª tentativa. Por sinal, uma verdadeira obra dos deuses naquela hora da madrugada. Uma bolotinha marrom, boiando em plácidas águas, se preparando para encarar aventuras esgoto e Tietê abaixo. Na 8ª tentativa, com pompa e circunstância, um jato de merda e a sensação de alívio. Mas, nessa hora, Marilyn já teve sua overdose de barbitúricos (ou foi assassinada pela CIA?) e eu, solitário e desenfezado, retorno aos meus lençóis por breves 30 minutos, pronto para uma segunda-feira gorda no escritório.

Mas mamãe, sempre mamãe, me desperta com mamão amassadinho com aveia.

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