Eu calei,
E divaguei nas linhas
E no corrimão vagaroso e melódico dessa sensação de asas
Lembrei-me da minha paixão pelas páginas arreganhadas
Pelos lápis de cor mordidos de boca com fome de carne
Pela minha vontade estranha de não me pintar de máscaras
De delirar de olhos bem abertos, enxergando as retinas que me olham ser quem sou
E ser eu me enche de um vazio...
Já não tenho supostas dores
Um vazio vadio,
Que não abriga rumores, nem dissabores
Sou eu pintada da minha cara, da minha pele, do meu esboço
Que tem cheiro de mim...
E sufoca as cantigas que se despercebem no fim
Rabiscam, pingam, óleo em tela
Tela em vidro,
Transparente e fino
Como um suspirar de dentro
Arredio e quente,
Como um aguardente...
E assim, sutilmente descompassada,
Com um suor escorrendo na alma
Sambo, chegando
Ao meu palimpsesto...
SOU-ME PALIMPSESTO
ResponderExcluirUma criança
Brincando
De cavaleiro
Corcel
Leão
Lobo
Cavalo branco
Cavalo de fogo
“Lá vai um cavaleiro andante
Coberto de poeira”
Pelo mundo afora,
Mundo adentro,
Dom Quixote conduz
sua Shiva vassoura.
Rastros de pó
Centelhas de luz
Para Bernardo Soares