“Quando eu era menino,
Pensava como menino;
Mas, logo que cheguei a ser homem,
Acabei com as coisas de menino.”
Lembro daquele dia,
Como quem quer esquecer,
Pois foi aquele o dia,
Que a ganhei sem querer,
Foi aquele o dia,
Que o conheci por doer.
Conheci a mim mesmo,
Deixei de ser menino,.
No estranho oculto da alma,
Não houve mais cultos de calma!
Arrancaram-me o Amor,
Sem se quer me enviar o Espírito Santo!
Arrancaram-me a fé, meu último manto...
Tinha meros quinze anos!
Meu Deus, porque tão cedo?
Sei que não devia ter apaixonado-me,
Mas perdoe-me por não ter medo...
Não me preocupa o que me tiraram,
Mas a ferida que não estancaram,
Aberta o suficiente, para ver-me,
Aberta para vermes,
Aberta para seus vermes me verem!
Hoje, meus olhos agonizantes e famintos!
Como os olhos da “Moça”
Minhas poucas palavras de homem,
Aguardam as noites entrarem,
E esperam sozinhos, ansiosos...
A chegada da tal Poesia,
Que estancara por instantes ferida aberta...
Ferida que tornou-me homem,
Enquanto queria ser menino,
Ferida que devorou tudo ao seu redor,
Com sua insaciável fome poética,
Digeriu tudo com frieza, sem dó,
Vomitando poesias sentimentalmente patéticas!
Desenhos belos aos olhos de quem vê
Mas horríveis à alma de quem fez!
Lembro daquele dia,
Como quem quer esquecer,
Lembro daquele dia,
Que aprendi a doer,
Lembro do dia de minha vida,
Que comecei a morrer...
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