Braços vão além da extensão do corpo, e eu, com essa iluminação, tracei tua áurea com a língua sobre seus pêlos. Imaginei o corpo sendo o mundo desnudo, e nós, as partes deslocadas da matéria-mãe, desencaixados e vulneráveis a seguir objetivos que nunca serão nossos. Válvulas de improviso que resistem ao prazo de validade, sabendo que só há uma chance de romper com os dogmas. E se por alguma crença, existirem outras, essa não deixará de ser única. Nada é o mesmo sempre, nem mesmo as peças do mesmo fabricante.
Sonambulei com essa ideia em tua cama por longas noites e pus sobre ti todo o aparato adquirido em meia vida. Descansei encabeçada sobre a curva do teu ombro, e ali, eu bem que fui feliz...
Ornei-te com pompas do poeta desejado. Retardei a aurora para ganhar tempo...
Do arranca rabo ao ronco que virou música - Pensei numa dança.
E saber que antes disso... antes do repouso pacífico, a guerra já havia sucumbido o quarto...
{Vivemos a colisão do abraço...}
A voracidade do novo varreu a experiência e rasgou os tratados de paz... E nos fez saber, na prática, que um só não é ninguém... Uma vida abraça outras como uma mãe... Quando se desperta desse sono de outono para morrer em chamas nos braços do acaso, conclui-se que a virtude da sapiência não tem serventia para os amantes.
RECOMEÇO
ResponderExcluirTudo o que eu adquiri até ontem,
morreu hoje quando acordei.
Foi minha primeira sensação de luta,
contra o eterno retorno.
hoje nada finda, tudo recomeça,
ainda que seja o último dia,
já minha razão o sabe dizer.
Mas sem embaraço continuo ébrio,
continuo louco, na ânsia quente e vazia,
de te amar e a ti querer.