Seria mais um dia de inumeráveis incoerências onde as crianças são terríveis, os homens os donos, as mulheres caladas e os velhos apêndices. Outra vez o amor seria confundido com propriedade do corpo alheio e frases concluídas pelo romântico fetichismo. Mais uma vez morreriam milhares em nome da mercancia pátria intolerante fanática do senso comum. Seguiriam as pessoas, confiando para si como verdade, as palavras de revistas que veem. Algum indivíduo voaria o mundo em primeira classe em busca de felicidade e outro alguém não daria (sequer) um passo, graças a tristeza do estômago vazio. Humanos assistiriam a dramaturgia real espetacular de um mundo em um quadrado de imagens hegemônicas. Seria até possível presenciar aqueles que desempenham seu emprego de sacrificar os desrespeitosos da ordem. Seria mais um dia desses o próximo e os próximos e os próximos...
O Cão Sem Plumas de João Cabral de Melo Neto
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