Todas as manhãs levanto antes do sol
faminto de sono
Misturo passos e pequenos saltos
mexo até dar liga
Bato tudo com um pouco de ônibus
e pitadas de metrô
Cozinho meu caminho até o serviço
em fogo baixo
Devoro meu trabalho apressado
numa única bocada
Transpiro produtividade
torço a camisa na boca do patrão
Mastigo ordens e desaforos
masco até perder o gosto
Sangro a meta exigida
coagulo uma esperança de aumento de salário
Bebo o caminho de volta pra casa
junto com um anti-ácido
Urino um banho relaxante
esfrego até gozar
Defeco minha noite de sono
arroto um pesadelo
...ou um sonho
E desperto com a fome dos dias comidos.
É...
ResponderExcluirA ideia lá comia solta
Subia a manga amarrotada social
No calor alumínio nem caneta nem papel
Uma ideia fugia
Era o rodo cotidiano
Espaço é curto quase um curral
Na mochila amassada uma quentinha abafada
Meu troco é pouco, é quase nada
Não se anda por onde gosta
Mas por aqui não tem jeito, todo mundo se encosta
Ela some é lá no ralo de gente
Ela é linda mas não tem nome
É comum e é normal
Sou mais um no Brasil da Central
Da minhoca de metal que corta as ruas
Da minhoca de metal
É... como um concorde apressado cheio de força
Que voa, voa mais pesado que o ar
E o avião, o avião, o avião do trabalhador
É... espaço é curto quase um curral
Na mochila amassada uma vidinha abafada
Meu troco é pouco, é quase nada
(...)
Sou mais um no Brasil da Central
Da minhoca de metal que entorta as ruas
Como um Concorde apressado cheio de força
Voa, voa mais pesado que o ar
E o avião, o avião, o avião do trabalhador...
O Rappa - Rodo Cotidiano