do que somos

Meu amor
Quando você fez em mim espaços de aterrissagem
Cheio de promessas de flores, frutos e vôos
Não olhou pra terra nos meus pés

Toda sorte de presentes
Todo gosto por partilhar
Me fazem desembocar no mar
Fluindo leve
Feliz pleno até do perfume
Mas olha: não vou sozinho
E muitos deles, não sabem nadar

Quando você lavou meus pés
Num ato máximo de sujeição ao querer
Disparou infinito as histórias
Repetidas e repetidas e repetidas
Repletas de tudo o que não se considera
Vazias de todos que não tiveram como chegar

Então olha pra mim
E, munido do mesmo amor
Veja que sou multidão,
Me misturo entre os tantos e sou dos muitos que pouco são.

“Ter” não é verbo que valha na pele nem no coração.

Um comentário:

  1. POUCO TANTO SEI

    Descompassado mudo,
    grito surdo,
    tua ausência, minha preguiça,
    nossa saudade.

    O tempo não nos resta nunca mais,
    agora somos livres de verdade,
    quando a promessa se desfaz.

    O ritmo louco, de tudo um pouco,
    a coberta vazia esconde a solidão.
    A lua crescente, o sol nascente,
    o vento que passa, e um avião.

    ResponderExcluir

Neste jogo autoral não são permitidos comentários aos textos. Este formulário de comentários deve ser utilizado exclusivamente para postar textos autorais ou de autoria de terceiros, inspirados diretamente na (ou lembrados a partir da) postagem a ser comentada. E mesmo os que não estejam cadastrados como jogadores-autores podem postar textos nos comentários. Contamos com a colaboração de todos para o bom andamento do jogo.