Memória

Certa vez, em alguma esquina da vida, encontrei um garotinha, linda, seus traços beiravam a perfeição, apesar de suas imperfeições caóticas, era linda.

Olhar expressivos, confusos a ponto de não se decidirem nem quanto a cor, apesar da aparente confusão, por vezes decididos, por vezes inseguros, transmitiam alguns sentimentos e informações nobres, a quem tivesse o interesse, a paciência e capacidade de desvendar.

Vivia como em uma espécie de mundo só seu. Com seus fantasmas, suas angústias, seu (des)amores, suas alegrias, suas tristezas, suas fantasias, loucuras, perversões.

Era fascinante, sombrio, por vezes colorido demais, movido a medo, amor e por que nao a dor?
Quando me notou, ali como ela com meu fone, dizendo nao quero que ninguem se aproxime, caminhou até mim, olhou profundamente nos meus olhos e disse:

- Me deixe entrar no seu mundo, que eu deixo você entrar no meu.

E eu deixei.  Passado algum tempo, ficou impossível, até pra nós, diferenciar um mundo do outro, diferenciar uma da outra,  tanto que quando nos deparamos com um espelho, o que ele nos devolve é apenas uma imagem, a mesma imagem.

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