... Trazia os olhos sobre uma
memória, e a fiava com o silêncio de quem pura e simplesmente se pega a remoer
o passado numa dobra ou outra do dia. Não a notariam - não ali sob o finzinho
de tarde, com os olhos sobre o guardado de fotografia que trazia consigo,
amarelado, alguns rostos (felizes?), o passado alinhavando aquela lonjura de
anos a fio - ranhuras, as nódoas na pele, já cansada. O tempo, esse que mal
sabe, mas tão presente agora. “Cá dentro não me esgoto, me farto”, ali, dedilhando sentimentos, “palavra
dá corpo a sentimento?”, perguntava-se. Sabia mesmo que tardes iguais àquela
roçavam o peito, e se por segundos fechasse os olhos, num gesto vago, lhe
brotaria sob as pálpebras a saudade de um amor feito lá atrás, quando ainda não
era ausência feito agora...
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