História sem fim



Um comentário:

  1. Uma Gravura Fantástica

    Um vulto singular, um fantasma faceto,
    Ostenta na cabeça horrivel de esqueleto
    Um diadema de lata, - único enfeite a orná-lo
    Sem espora ou ping'lim, monta um pobre cavalo,
    Um espectro tambem, rocinante esquelético,
    Em baba a desfazer-se como um epitético,
    Atravessando o espaço, os dis lá vão levados,
    O Infinito a sulcar, como dragões alados.

    O Cavaleiro brande um gládio chamejante
    Por sobre as multidões que pisa rocinante.
    E como um gran-senhor, que seus reinos visite,
    Percorre o cemitério enorme, sem limite,
    Onde jazem, no alvor d'uma luz branca e terna,
    Os povos da História antiga e da moderna.

    Charles Baudelaire, in "As Flores do Mal"

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