O Fantasma no Espelho


"Os olhos são espelhos d'alma"

E alma lá precisa de espelho pra se enxergar?

O espelho reflete o fantasma, aquele, soturno vindo pelo corredor escuro

Envolto na fumaça pinçada da ilusão cotidiana do viver

Fantasma que vivo, perambula por cômodos vazios a impregnar ambientes

Sim, o espelho reflete o fantasma-homem e sorri dele

Que ingenuamente cava suas covas dia após outro

Ah fantasma! Recolhe tuas vestes rotas, outrora tecidas por mãos habilidosas

Apanha tua botina velha a carregar resquícios do lamaçal

E marca o céu azul anil com teus passos febris rumo à imensidão


Na partida, desprende o olhar para esta terra. Que vês?

Fadiga? Fome? Sede? Luxúria? Vaidades? Individualidades enrustidas?

Olha ao teu redor, mira teus olhos no espelho. Que vês?

Digo-te que vê os seus, tão rotos quanto ti. Tão iguais a ti!

É isso. Não estás só!

Então clamo-te: chora

Chora muito nesta hora, chora a falta de solidão

Chora a solidão acompanhada a girar no espaço sideral

Apaga um pouco do pó atemporal que cobre tuas vestes, chora

Quem sabe assim o espelho se solidariza com sua dor

E em furacão ensandecido, reflete tua alma.

Um comentário:

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