O estandarte da liberdade se abre a tempo
De ver os filhos, os pais, as avós e os sobrinhos
Em ritmo estonteante de anarquias diversas
Rodas gigantes tão gigantescas,
Que engolem ventos, moinhos, desafetos
Bolas fantásticas que se encantam diante dos olhos
Fazendo a maior incrédula acreditar em presságios
Tudo isso, para ter na boca um pingo de gosto
Do que é ser uma nação
Diziam por aí que nação é coisa de povo unido
De gente forte
De guerreiros tão valentes, que nunca fogem de nada
Nem da própria morte
Mas morrer pela nação é algo tão surreal
Quanto ter boca para comer toda a comida do mundo
Ou ter fome para matar a gula de poucos
É, nação deve mesmo ser algo de contos que contam por aí
Nesses cantos longes que não sabemos como chegar
De um Estado tão, tão pequeno, que não se pode ver
E morrer pela nação, avalie!
Mas também contam – isso eu ouvi de línguas populares
Que ter nação é sofrido
É doído como cair de um prédio e não morrer
É cruel como ter casa e não poder voltar
É tão angustiante, como ter chão e não poder andar
Sofrido, que nem fome dá
Ou dá, mas é tão vazio,
Que é como comer e não saciar
Imaginem então, como é ter nação inventada
Maquiada, figurada, animada
É como que se desmanchasse no vão
É como se não tivesse nunca,
Escutado essa palavra
Essa junção de letras e sílabas, que se espalham e partem
E se estilhaçam
Como os fogos
Que estouram por toda parte...
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