"Amélia"


No limiar do céu escarlate
Amélia requebrava
Unhas compridas prateadas
Riscavam as estrelas
Braços alongados
Rodopiavam
As volumosas ancas
Pediam passagem
No movimento alegre
Risos morenos
 
Do pandeiro fez seu palco
Da cuíca seu lamento
Das estrelas estandartes
...rodopiava faceira
Os olhos arregalados
Gritavam por Januário
Enquanto o surdo moreno
descia a ladeira soturna
no cortejo vagabundo
de bêbados e prostitutas
 
Subiu assim Januário
Pros braços da doce morena
Figura singela e pacata
Sabia o homem encontrar
Amélia “mulher de verdade”
Como aquela nunca vira
Assim passou pela moça
E não a reconheceu
Mal sabia Januário
Que no céu tudo é às avessas

Quem é doido
Vira Santo
Quem é pobre
Fica rico
Quem chorava
Só sorri
Desalmado
Ganha alma
Deslumbrado
Ah, este continua....

 

 

Um comentário:

Neste jogo autoral não são permitidos comentários aos textos. Este formulário de comentários deve ser utilizado exclusivamente para postar textos autorais ou de autoria de terceiros, inspirados diretamente na (ou lembrados a partir da) postagem a ser comentada. E mesmo os que não estejam cadastrados como jogadores-autores podem postar textos nos comentários. Contamos com a colaboração de todos para o bom andamento do jogo.