Drible de Categoria

Não gosto de futebol
Visto, pensam não ser eu brasileira
Brasil Pais do futebol!
Mas, nem tudo é perfeito
E uso regras deste esporte
Cotidianamente...
Driblo a burrice.
Diz o poeta “a burrice é invencível”
Clareza inigualável!
Por que me ponho a driblar então?
Porque não consigo exterminá-la.
Quanta energia gasta...
Quanta tristeza na face...
Quantos aborrecimentos vis...
Burrice. Melhor então aderir a ti?
Nesta hora percebo:
Algumas coisas são irreversíveis.

Leda e o cisne


Da banca do homem mal
à beleza da fêmea fatal.
Quando a natureza (sábia?)
é infinitamente mais letal.

Engendraram-se uns nos outros,
engrenados.

Não sendo Yeats como gostaria, ele é ao menos honesto

Tenho eu outra coisa, a bordar nos céus, que nuvens

densa camada de não sei que substância hostil

desencanto, amargura e essa aspereza crassa

não os semitons, nuances ou a meia luz sutil

Espalharia sob seus pés amor algum se acaso tivesse

Mas eu, sendo de espirito pobre, tenho apenas rancor

Eu espalhei rancor sob os seus pés

Caminhe delicadamente ou afunde - como queira.

Pessoa

Passa, ave, passa, e ensina-me a passar!

E passa

Esgarça-se no espaço.
Materializa-se como rastro em qualquer direção.
É vulto.
Voa.
Treme.
Fura.
Invade.
Arrasta.
Faz.
E passa.

Corro pois não gostei das asas

Ando para não possuir o mundo,
Ando pra não deixar possuir,
Ando para não parar e perceber que canso,
Perceber a dor, perceber arder.

Ando pois cada passo é um esquecer,
Ou um lembrar do que há de vir,
Ando como quem corre para um não sei onde,
Como quem corre para nunca chegar,
Como quem anda por estar perto,

E quando corro deixo.
Deixo viver, deixo correr.