O que significa um governante oferecer ração para seu povo?
“Mas eles tem que comer! Se dêm por agradecidos por terem o
que comer. Afinal, pouco se morreu de fome nos últimos anos!” (entortada
política) Corta!
Darcy Ribeiro, em reportagem: “A classe dirigente (da
política brasileira) é tacanha! Pra ela, pobre é carvão pra queimá, nada mais”.
Corta!
A industrialização da comida, matrizes rurais de toda ordem
(a nível global), latifúndios, plantations, as colônias de judeus na Palestina e
abatedouros de animais (aproveita-se até a última tripa do osso). Corta!
A idéia de Tekoha, de uma terra de pertença, onde tem um
rio, um riacho, uma queda d’água na colina; vai até ali, naquela cumeeira do
morro, embaixo tem outra. O jeito de plantar junto Mandioca, Feijão, Amendoim,
pra nascer tudo junto, mas cada um na sua época certa. Corta!
Várias cenas são possíveis, comendo a gororoba, várias
formas de cerceamento e coerção – coesão na “gestão do coletivo” (cara de aspas
bem cínicas com mexida no dedinho), outras associações, das mais indigestas às
mais inusitada (feijoada foi feita a partir de ração?), mas sobretudo aquela
idéia que qualquer mente burguesa esclarecida ou comunista inverterada hão de
concordar na mesa do bar, a idéia de que a comida, a janta, o almoço, o café da
manhã, a própria idéia básica e divina de nutrição é algo que, pelo menos à luz
dos holofotes, deveria se realizar como algo sublime – muitas vezes grotesco e
soberbo – e sagrado, um ideal social-democrata plausível de se cumprir. Só que
não! Corta!
Novas formas de reinvenções são necessárias, a partir da
guerra que existe a partir daquilo que é considerado normal, passando pelo
plausível e a prática do tosco, tacanho e terrivelmente bruto e violento, até
aquilo que é considerado absurdo e inaceitável, e que, numa “perda da razão”,
até mesmo o indivíduo mais são pode fraquejar, entre os acasos da
inevitabilidade. Existem outros meios?
em resposta à uma inquietação da Isabela Penov