Acostumada
com sua pequenez deslumbrava-se diante dos olhos dele. Ela que facilmente
acostumava-se com o pouco, afogava-se agora diante da imensidão do azul velado. Como na história bonita que inventava quando menina...
Do alto
de sua janela vislumbrava o céu também azul forrado de nuvens brancas. O tapete do céu
era contraste com a dureza da sua fala. Não era boa em falar, soava bruta!
Confundia–se com as inflexões!
“Perto
de você me calo, tudo penso nada falo...”
Mas não calava e ao tentar falar soava fora do tom :
Soava menor - "Quero te ver!' virava -"Vamos beber cerveja?" ;
Soava fuga -“ Não entre em meu quarto” quando “ É que lá habita a bagunça
dos dias solitários”;
Só o “ai,
ai” queria dizer “ai, ai” : ai de desejo, ai de suspiro - Soava barroco.
“Deslumbramento
atrapalha o verbo”, pensava. Melhor mesmo só pensar porque pensar era natural: dentro dela era um eterno livro narrado sem pausas para o almoço. A ininterrupta transformação de galho de árvore em pássaro pousado.
(Borboleta
amarela passa diante de seus olhos! Silêncio.
- Vida
de borboleta é breve!)
Pensou.
Deslumbre!
Des-lumbre!
E ainda numa
brincadeira pensou.
"- O deslumbre me escurece a fala."